quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Nada a fazer

Tenho em mim todos os poderes do mundo. 
Eu morro, mas a esperança ainda não.
Poemas escritos em vão, criticados por uns e esfregados no chão.
Não se trata tradição, é inspiração, amor no coração.
É pura poesia, mais intensa que uma mera fantasia! 
Expressão de sentimentos que transbordam aquela felicidade paradoxa, aquela tristeza medonha.
Naquele dia vivaz, repleto de genuinidade afogada em paz. 
De todos os momentos de consciência pesada, que furam o sistema, 
que me salvam da cambada. 
Intolerante à promessa, habituada ao desencanto. 
Há que ser flexível quando subitamente surge o pranto. 
É apertar os atacadores de debate e caminhar para o sucesso. 
Isto não passa de um constante e áspero processo.




quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Chá das 5

A vida é grande. Pode durar mais ou menos tempo. Ser mais ou menos feliz. Mas a vida é feita de mais e de menos.
É um sopro de mudança e transformação. Adaptação e evolução.
Uns vão, outros ficam. Uns julgam, outros aceitam. Uns sabem, outros não querem saber.

A vida é um constante looping. Subidas ansiosas, descidas inesperadas, voltas estonteastes. 
É feita de planos, desejos, impulsos. 
É feita para ser vivida. Aproveitada. 
Arriscar sem medo de falhar.
A vida é
 uma obra de arte. Um desabafo. Um descontrolo de emoções. 
É paixão. Por mim. Por ti. Pelo mar, pelo sol, pela lua. Pelo ar que respiramos. Pelo sangue que nos corre nas veias.
É um percurso. Simples para quem vive em simplicidade.
O passado já foi. O presente já é. O futuro vai ser.
Não quero prever. Quero ser. Quero estar. Com calma. Com tempo.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Nível 10

Pés no chão, cabeça no ar... Lar doce lar. Porto seguro. Confortável às milhentas ideias. Moldado às várias fantasias. Entusiasmado pelos inúmeros desejos. 
Encho-me. Encho-me de tudo e mais alguma coisa. Vontade, confiança, perspicácia. 
Julgo me sábia. Não sei se acredito.
Saio, mas volto a entrar. As costas quentes arrefecem. As críticas anónimas despem-m'alma. Sujam-na.
Os gestos alienados são arrogantes, ignorantes... Traduzem-se numa incomoda comichão. 
Não digo, penso. Não finjo, sinto. Sinto com tudo aquilo que tenho. Sinto-me um sujeito único. Um sujeito sujeito a qualquer balde de água fria. O pânico e o susto juntam-se em equipa. Mas vão murchando, como uma planta cortada pela raiz.
Sai muito pela boca e pouco pela razão...
Continuo a julgar. A não saber acreditar. Mas reconheço que condenado a julgamento, apenas quem desiste. E eu ainda estou em jogo. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Mãos cheias

Quando te sinto pequeno e apertado perante algo tão grandioso...
Oh pobre coração!
Será saudade?
Difícil expressar por palavras.
Talvez seja necessidade de descobrir um mistério.
O que sei eu sobre o mistério? Nada, para além de ser certamente misterioso.
Devo acalmar-te e adormecer a ansiedade que te perturba esta sede ignorante.
Devo fazer-te esquecer o sentimento para o qual não existe conforto possível.
Devo procurar. Procurar algo que te faça palpitar com mais segurança e menos receio.
E aos poucos, preencher-te com tudo aquilo que tenho.

Desperdício

Tantas vidas, tanta gente, tanta coisa...
A inveja dá movimento de mais aos olhos,
Cegam-nos e tiram-lhes o bom e verdadeiro dom de observar, apreciar.Puro egoísmo e hipocrisia supérflua ocupam cargos injustos.
A concentração toma um rumo alheio. Um desejo patético do impossível.
Focam-se na luz do outro, aparentemente mais forte, e tornam-na como um evidente objetivo.
Acabam com lágrimas desapontadas e desistentes. Destroem a confiança e a auto-determinação.
Tentar ser o que não se é, saí caro.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

De mim Para ti

Se pudesse eu ter uma lúcida e nítida visão,
Sobre tudo e sobre nada, sobre mim e sobre ti,
Sentir-me-ia banhada em ouro. Teria uma vida boémia.
Mas estou ofuscada por vários tipos de nevoeiro.
Ideias, pensamentos, atitudes, que não são carne nem são peixe.
Madrugadas divinas, deitam gotas ácidas sobre o meu rosto.
Trapos, farrapos, cobrem-me a pele. 

Revestem o juízo efervescente que preenche o meu caráter percetível.
Sinto-me nua como a lua. Idiota. Condenada.
tensão aumenta ao ritmo do batimento cardíaco.
Tiro o chapéu à prudência consciente, à alma limpa e inocente. Quero senti-la presente.
Quero ser livre e voar como um pardal
As asas? Sinto-as presas. Procuro a chave aqui e ali.
Dizes-me ser fácil. Que basta querer.
Ora se tão simples fosse tal acontecimento, em que árvore pousaríamos? Em que ninho nos esconderíamos?

domingo, 22 de setembro de 2013

Sonhos de criança

Pergunto-me em que estação me encontro. O outono já começou mas ainda não me despedi do verão. Ainda tenho sede. Não sei em que paragem sair.
As ondas da praia. As ondas do mar... Chamam por mim! Mergulho e sinto-me cheia, independentemente da maré. Ao nadar fico sem pé, quando surge um medo saudável. Medo de não ter os pés assentes no chão. Perdi o meu próprio controle. Deixo-me levar e, dou por mim a ser enrolada. Baralhada, com areia dos pés à cabeça. Mas volto a mergulhar. Apercebo-me da corrente. Deixo-me ir e, fico de pernas para o ar. O mar não está morto. Eu também não. Senti-me uma sereia medíocre num "império" sublime. Saí da água e moí o meu sonho durante uns instantes. Acordei. O sol estava a pôr-se, enquanto o céu adotava uma cor transcendente. Cor de Rosa. Assim como o meu sonho. Senti-me estupidamente privilegiada e gozei os últimos segundos de cena. O céu, o mar, o sol, parecia um teatro improvisado. Cada um com o seu papel, com a sua mensagem. Aplaudi a minha sorte. Aplaudi a minha vida. Aplaudi o meu sonho cor de rosa. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Emprego mal pago

Uns malucos quaisquer decidiram procriar. Diz-se paixão... 
Trouxeram ao mundo um novo ser. Eu. 
Estou dentro de um corpo. Tenho um cérebro que pensa, uns pulmões que respiram, um coração que sente. Mecanismos que permitem que este corpo aja e reaja. Diz-se organismo. 
Não tive oportunidade de escolher nem o tempo nem o espaço em que estou inserida. Simplesmente nasci, com um sexo e um nome aleatório. Mas que raio de trabalho me foram confiar. Encarar uma personagem e fazer-me à vida. Adaptar-me à evolução social e económica. Cultural e política. Acreditar que existe o certo e o errado, a sorte e o azar. Enfrentar os dias e as horas a que eu chamo barreiras, para dificultar aquilo a que chamam metas. Fui ainda limitada a 5 sentidos, 7 notas musicais e a 7 cores. 
Sou uma rés pensante. E ando para aqui a pensar, porque é que vim cá parar. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

É no que dá.

Ataques de insegurança, momentos sem esperança.
Sentimento suspeito, de algo mal feito.
Desespero de conhecer, à procura do prazer.
Atitude parada, estadia falhada.
Sonho esquecido, tudo perdido!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Suposta disposição às 3:58 da manhã

Às vezes penso que sei tudo. Outras, que tenho sempre razão. Uns dias considero-me gira, acho-me magra, sinto-me bem, estou confiante e encontro-me com um humor extraordinariamente positivo. Outros considero-me horrível, acho-me gorda, sinto-me mal, estou insegura e encontro-me com um humor excecionalmente nocivo. É normal, sou mulher. Aliás, é normalíssimo. Mas apesar de tudo isso, tenho a impressão (talvez iludida) de que penso bastante. Umas vezes melhores que outras. Depende da disposição.
Se calhar diria que tenho um certo ciclo a cumprir. Depois de ver o mundo pela primeira vez, é obrigatório receber visitas de meia em meia hora e ver todo o tipo de caras sorridentes e os seus gestos simbólicos, idênticos à mímica, a movimentarem-se em direção à minha nova cara. Vou crescendo, aprendendo a dizer "mãe" e "pai" e a dar uns passinhos com um intervalo de 5 minutos de quedas frágeis pelo meio. Depois de completar a pré primária e o 1º ciclo, já devo ter tido umas 5 bonecas de brincar, uns saltos altos brilhantes para um pé de semi-princesa. Em seguida, passo pela fase da bicicleta sem rodinhas, das coleções de cromos e jogos de cartas. Mais tarde, a matemática complica-se, as responsabilidades triplicam e os telemóveis já são a cores e recebem fotografias. Começo a ter as primeiras festas de dança e no cinema, a viver ridículos amores escolares e a perder muito do meu tempo com inúteis discussões de roupa com as minhas "melhores amigas". Até que faço 16, e tenho de decidir uma área, que restringe as portas do meu futuro a todos os níveis. A minha mãe ainda me leva à escola e nem o arroz sei cozer, mas já tenho que ter em mente que tipo de vida quero levar, que tipo de emprego quero ter. Esforçar-me para as boas notas. Sem esquecer as saídas até às 5 da manhã a dançar em função da música comercial, as idas ao ginásio 2 vezes por semana para compensar as tabletas de chocolate comidas numa só tarde, acompanhar a minha série preferida que relata a história de vida de uma série de pessoas que não existem realmente e as idas constantes e diárias ao facebook, que me deixam a par das novas fotografias do rapaz giro de olhos verdes e da rapariga com pernas altas e esqueléticas. Depois, tento conjugar a minha função de estudante exemplar, filha educada e amiga presente, com a função de realização pessoal momentânea. Quando fizer 18 anos tenho 150 convidados para a minha festa, que promete ser a melhor do ano. Já estudo para tirar a carta de condução e agora passo a tomar decisões por mim própria. Acabo o secundário. Tenho que ter média suficiente para entrar numa boa universidade com um curso acessível. Se falhar, passo um ano a melhorar notas ou vou trabalhar num café para ganhar umas massas. Fazer-me à vida. Viagens curtas com amigos. Festas da faculdade. Namorados a curto prazo. Ter os famosos "melhores anos de sempre". Conhecer o homem da minha vida e casar-me com ele. Arranjar um emprego, construir uma família. Ter uma casa. Se possível com jardim, piscina, um cão e no mínimo uma empregada que me arrume e limpe a casa, cozinhe e trate daquilo que for mais chato. Fazer grandes jantares com entradas requintadas e abrir uma boa garrafa de vinho. Ir correr quase todas as manhãs. Beber café e lanchar com as amigas quase todos os dias. Ir ao cabeleireiro quase todas as semanas e aos fins de semana, ir jantar com os filhos a casa dos avós. Os anos passam a correr. As rugas aparecem, a paciência diminui e o cansaço aumenta. Agora vejo televisão durante o dia e sou eu que recebo os netos aos fins de semana. Costumo ir à praça e à missa. Café com leite e torradas com geleia sempre presentes. Enfraqueço. Acabo por ser enterrada. Relembrada. Razão de missas e intenções. Provocadora de choros de saudade e momentos de boa recordação. Marquei certas pessoas, mas já me fui embora. Para um sítio melhor.
Esqueci-me de alguma coisa? 
Hoje a disposição chegou a um rascunho de nada sobre o que é, para mim, viver:
Nascer, respirar, chorar. Rir, falar, andar.
Ser criança. Ser adolescente. Respeitar a minha tensão hormonal. Aprender a pensar e não a obedecer. Imaginar o meu futuro. Talvez arranje um curso que me suscite um certo interesse cultural, intelectual e pessoal. Lutar por aquilo que realmente quero fazer, mesmo que pareça impossível a olhos alheios. Encontrar o meu futuro dentro ou fora de uma universidade. Experimentar o que tenho a experimentar. Conhecer novas caras e personalidades. Explorar novos sítios. Encontrar-me. Encontrar o meu verdadeiro lar.
Dormir. Sonhar. Acordar com sono, e namorar a cama por mais um instante. Lavar a cara com água fria e olhar positivamente para o espelho, mesmo com uma nervosa consulta ou uma irritante borbulha na testa. Vestir-me em 10 minutos, com aquilo que eu gosto sem pensar se fica a condizer. Dizer "Bom dia!". Saltar para a cozinha e fazer uns ovos mexidos com queijo e orégãos.  
Sair de casa. Apanhar ar. Reparar nas coisas pequenas que me passam à frente dos olhos e do coração. Com 20 ou com 50 anos.
Cheirar uma flor apanhada do chão. Andar sem meias e sapatos. Tomar banho de chuva. Ver fotografias antigas que criam nostalgia. Ouvir uma boa guitarrada. Ler um grande poema. Gritar no cimo de uma montanha. Lamber a massa que restou do bolo. Contar as estrelas. Falar com um estranho. Ajudar um perdido. Rir sem propósito. Andar sem medo. Dançar sem vergonha. Dar sem tencionar receber. Ver o mundo com todas as cores. Aprender a lidar com a boa e a má notícia. Saber ouvir uma crítica e um elogio. Saber pedir perdão e aprender perdoar. 
Explorar! Procurar! Questionar! Chegar às minhas conclusões. Decidir as minhas opiniões. Revoltar-me contra clichés, padrões de vida lançados, preconceitos e juízos pré-definidos. Criar uma revolução. Tornar-me independente. 
Sentir-me concretizada com ou sem casamento, com ou sem emprego fixo, com ou sem casa com piscina e jardim e festejar com ou sem uma garrafa de vinho. 
Fazer-me à vida!  
Criar vários caminhos e seguir a estrada certa. Afinal, é disso que é feita a vida, caminhos e estradas, não é? Vou viver supostamente à minha maneira. Se assim for, supostamente vou ser feliz!
Mas a esta hora, o suposto era estar na cama...

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Rima perdida mas sentida

Acordo às tantas da manhã. Tenho que me entreter com alguma coisa sem acordar a minha irmã.
Desenho ao escuro e lanço traços sem qualquer nexo. Reflexo perplexo de algo muito complexo.
Lido com o bloqueio mental e roo as unhas de uma maneira brutal.
As t shirts do avesso, os cabelos despenteados, os livros a meio e os planos descontrolados.
Talvez esteja mal habituada. Não sei como lidar comigo, talvez dê uma cabeçada.
Fechada no mundo à parte numa cadeira só, desprezo olhares alheios e encho a minha alma de pó.
As palavras são raras depois desta situação. Sinto me perdida na Terra como Eva e Adão.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

100% humano

Quando
A furia surge e
A inveja permanece,
A intolerancia existe,
A incompreensão insiste,
A insensibilidade persiste.
A sentença evoluí,
A visão limita-se,
A personalidade murcha,
A confiança deprime,
A vida entristece,
A alma morre.
O corpo fica.

O teu tamanho

Fecha os olhos e conta até ao infinito, grandeza que aparenta não ter fim.
Assim que não souberes mais e julgares teres atingido o teu limite, pensa sobre ele.
Desorganiza as tuas ideias. Duvida das tuas crenças. Questiona a tua sabedoria.
Concluí que nada és, que nada sabes.
Aí, experimenta viver consciente de que tudo tem uma dimensão e tenta definir a tua.

Dias de Crise

Os períodos a que chamamos crises são dias apagados, em que as sombras sofredoras atormentam as suas 24 horas.
Quando parece não haver razão para sorrir.
Quando é rara e pequena a luz que tentamos agarrar para escapar da ilusão que nos mata.
Quando julgamos não ter motivos para agir e reagir.
Quando ouvimos o mundo sussurrar: "Não vale a pena"
Sinceramente, somos escravos do negativismo e acabamos obrigados a esfregar a sujidade que nos preenche.