segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Só porque sim.

Hoje escrevo. Não me perguntem porquê. Parem de perguntar aquilo que faço, e porque faço!
Hoje escrevo, só porque sim. 

Guardei a paciência num baú. Porque esta está velha.
Guardei a minha experiência. Memórias. Recordações. 
Sinto-me antiquada, com tantos pensamentos fora de prazo. 
Na vida tudo dura. Mas nem sempre perdura.
Aquilo que digo hoje não tem que ser aquilo que digo amanhã.
Porque aquilo que digo vem de mim. E eu mudo. 

Se é "loucura" que tratam a "mudança", deixem-me enlouquecer. 
Se é "lucidez" que tratam a "estabilidade", deixem-se desequilibrar. 
Uma vida plana não é plena. 
Pequenos grandes pensadores... Oh pensadores... Não me venham com filosofias baratas! 
Pensar é imaginar. E se não imaginam, não criam.
Dizem e fazem, só porque há quem diga e quem faça.
Isso não é criação, é imitação. Não é produção, é reprodução. 

Deixem-me acender a luz. Não me obriguem a entrar na gruta que vos acolhe nos momentos reais da vida. Não me peçam para viver na vossa ilusão confortável. Pois esse vosso conforto... incomoda-me!
Deixem-me despir a esperança. Deixem-me acordar dos sonhos, para poder realiza-los.
"Quem espera sempre alcança"? Quem espera desespera. E eu estou à beira do desespero.

Hoje faço. Hoje faço, só porque sim.
Deixem-me seguir instintos. Os meus instintos.
Deixem-me ser irracional como vocês, e nem se atrevam a levar-me a julgamento! 
 
Grandes pequenas teorias sobre a vida... Oh vida... Não me venhas com gente medíocre.
Quero ser eu à minha maneira, não à maneira que os outros querem que eu seja.  
Não posso esperar. O tempo não para e a minha cabeça tem pressa. 
Planear? O que é que eu sei sobre os planos? 
Tanto para aprender. Tanto para ensinar. Talvez o melhor seja improvisar.
Deixem-me despir a inutilidade de tanta interrogação. 
Deixem-me ser como sou, só porque sim.  







sábado, 18 de janeiro de 2014

Mentes criminosas

Deitada numa cama, de olhos fechados e consciência aberta. A noite passada foi dura. 
Bombardeamentos invadiram-me o quarto. Eram uns atrás dos outros. E eu, com uma capacidade tão fraca, como sempre, para os enfrentar. Eram atitudes despropositadas. Olhares descabidos. Bocas desavergonhadas. Que entraram disparadas e partiram as janelas do meu quarto. Sentia-me isolada. Desprotegida, enquanto a saturação cobria o susto. 
Fui pedir socorro, mas faltava-me a voz. Faltava-me a coragem para gritar e por isso decidi esconder-me, mais uma vez. 
Cobri-me com os lençóis. Estavam sujos e frios. Tentei colocar-me numa posição confortável, mas demorei algum tempo a conseguir. Até que adormeci, apesar de todo o caos que me rodeava. 
Acordei. Acordei com a tenção baixa. A enfermeira perguntou-me se estava bem e a que horas tinha chegado a casa. Disse para não se preocupar, que tinha chegado cedo. E eu, com um incentivo tão pequeno, como sempre, para me levantar. Não queria que me abrissem os estores. Nem que me trouxessem o pequeno almoço à cama. Queria apenas que me deixassem acordar, sozinha. 
Não queria perguntar pelo médico, mas tinha um remédio. Tinha-me a mim e à minha cabeça. Fiquei ali, a remoer soluções enquanto vasculhava na farmácia as estantes mais altas. Tive que subir num pequeno escadote. E cheguei lá. Estava no topo do topo, um frasquinho que dizia "Para levantar" e traduzia "Sobrevivência". Agarrei-o rapidamente e, engoli o xarope sem hesitar. Sem fazer uma única careta. Já me bastam os palhaços que me aterrorizaram o sonho. 
Lutei contra o edredão pesado que me cobria o corpo e abri os olhos. E eu, com um receio tão grande, como sempre, de que o remédio não fizesse efeito. Ou que não tivesse tomado a dose certa. Enfim... Não suspirei. Afinal... de que valia a pena lamentar?  
Estava na hora de reparar os estragos. Organizá-los, arrumá-los em gavetas. Limpar a poeira, presente em toda a parte. 
E eu, com um cansaço enorme, como sempre, de trabalhar ao fim de semana. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Ainda em processo

Aqui estou eu, de cabeça quente e dedos enferrujados.  Numa tentativa de desabafo desesperado com o coração apertado.
Quando num dia temos o quase tudo, e no outro o quase nada.
Quando nos sentimos cheios de pouco e ficamos vazios de tanto...
De nada adianta ignorar a questão. 

Pensamos. Supomos. Repensamos. Questionamos? Optamos.
Parece fácil. Até se tornar num ciclo que cai numa rotina constante.
Porque depois de optar, voltamos a pensar, a supor, a repensar e a questionar. 

Feliz seria se chegasse a uma etapa que para além do ponto final, muda-se o parágrafo. 
Feliz seria, se não pensasse tanto.
Mas o verdadeiro feliz, é o completo ignorante.
H
oje escrevo aquilo que penso e questiono diariamente. Algo que ainda não consegui ignorar. Porque é que o conceito de aceitação é algo tão estranho, tão difícil? Tão distante? Há sempre quem aponte o dedo, independentemente do que se diga, faça ou pense. Não é algo típico desta sociedade em particular. Mas sim da sociedade em geral. Pois tudo o que é novo choca. E tudo o que choca... é mal visto.
Lutamos constantemente por ideias próprias, o que é importante. E muito bonito. Mas será que algum dia vamos vencer? Como é que vamos ser ouvidos e respeitados, se não ouvimos e respeitamos os outros? Talvez andemos a lutar com vendas nos olhos e espadas atrás das costas.
Estamos demasiado habituados a censurar o ordinário. A criticar o obsceno. A julgar o louco.

Feliz seria se conseguisse ignorar os loucos com ideias obscenas e ordinárias.
Feliz seria se todos o conseguíssemos fazer.
Mas o verdadeiro feliz, é quem o faz, sem querer saber.